Fragmentos e conexões inesperadas Exhibition | [ voltar ]
MONSANTO
em cada raiz, ramo ou criatura, floresce uma energia que cura e faz viver.
Monsanto florescerá sempre!
Caminho pelo bosque, sinto as suas forças ocultas, num espaço onde a magia da natureza se revela em cada detalhe, resiliente.
Em cada raiz projetada no solo, uma conexão de vida. Em cada ramo, estendido à luz do sol, a criação de energia vital, num processo silencioso, que alimenta toda a vida em seu redor.
Este bosque, aqui bem perto de mim, floresce, não apenas pela sua capacidade de adaptação, mas também, pela sua essência inata de renovação.
Reconheço, pelas camadas que se sobrepõem, e sobre as quais caminho, um ciclo contínuo de finitude e renascimento, onde cada fim é tão só um novo começo e, cada começo, uma nova vitória.
Caminho pelo bosque, sobre a sua pele mais recente, sinto a vida pulsar e fico entusiasmado.
Monsanto florescerá sempre!
Paulo Canilhas
Por:
Marcos Bartilotti
Quercus
It is not so much for its beauty that the forest makes a claim upon men’s hearts, as for that subtle something, that quality of air that emanation from old trees, that so wonderfully changes and renews a weary spirit.”
― Robert Louis Stevenson
No dia 1 de Novembro de 2024 completaram-se 90 anos sobre o decreto-lei que propôs a criação do Parque Florestal de Monsanto, um dos grandes parques florestais urbanos da Europa.
Duarte Pacheco, o principal impulsionador da ideia, convidou o arquitecto Francisco Keil do Amaral para redesenhar este “pulmão verde” e atribuiu a execução dos trabalhos de arborização à Câmara Municipal de Lisboa, sob fiscalização do Governo, então Estado Novo. Em 1938, iniciaram-se os trabalhos de florestação da Serra de Monsanto, então completamente nua, quase sem árvores, ocupada por terrenos agrícolas empobrecidos, esparsas pastagens, moinhos e pedreiras.
No âmbito das comemorações do centenário do Parque Florestal de Monsanto (1934-2034), a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza desafiou o artista plástico Paulo Canilhas a integrar uma grande ação de voluntariado ambiental, o “Environment Day”, promovido pela VINCI Energies Portugal e dedicado às causas da sustentabilidade. Esta iniciativa da sociedade civil decorreu em Setembro de 2024, em vários pontos do país, deles se destacando o maravilhoso bosquete de carvalhos, sobreiros e pinheiros-mansos, localizado junto ao Centro de Interpretação ambiental de Monsanto.
Sob o mote “biodiversidade e circularidade”, o “Environment Day” envolveu centenas de voluntários que, em diferentes momentos, recolheram enorme quantidade de resíduos formada por pequenos pedaços de cerâmica e estilhaços provenientes de pratos do antigo campo de tiro de Monsanto, entretanto desactivado, mas que ali permaneceu entre 1963 e 2007.
Perante o desafio de dar um uso diferente a este “material invasor” que, como um manto de negro e laranja cobre aquele lugar mágico, o artista Paulo Canilhas concebeu um trabalho avassalador sobre Natureza, adaptação e resiliência, metamorfose de plantas e árvores perenes, sobre o Homem e a sua capacidade de destruir, mas também de renovar e reconstruir.
O culminar deste projecto, que absorveu totalmente o artista ao longo destes últimos dez meses, traduz-se agora na apresentação de uma exposição com mais de 40 peças orgânicas que simbolizam uma visão renovada e transformadora da relação do Homem com a Natureza. Desta forma, assistimos a uma parceria bem sucedida entre as várias entidades envolvidas, nomeadamente, uma ONGA, a Quercus, uma empresa, a VINCI Energies Portugal e os Municípios de Lisboa e do Barreiro, sendo esta última, a cidade anfitriã da exposição aqui apresentada, que dá corpo a um Projecto alternativo e diferenciador que revolve na Origem, pleno de misticismo e de energia vital, reliquial, e contudo, assumidamente moderno e contemporâneo.
Marcos Bartilotti
Quercus
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